sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

PERSONAGENS (2) Quando Segundo foi o primeiro!

Meu primeiro emprego não durou mais que dois meses, mas foi uma experiência interessante, tanto que não fui procurar, ele apareceu para mim e nem idade pra isso tinha ainda. Ademir, meu irmão mais velho, no começo de 1964 resolveu, de uma hora para outra, fazer vestibular em Piracicaba. Trabalhava na oficina mecânica de meu tio e de meu primo: “Perboni & Marquezim” e, pela decisão repentina, pediu que eu fosse até lá para avisar que, por três dias não iria trabalhar, por conta do vestibular. E lá fui eu, nos meus 13 anos, informar os donos da oficina que meu irmão ficaria ausente. O trabalho dele era simples: atender telefone, anotar nas fichas dos clientes o serviço executado e peças colocadas ou ir às autopeças comprar o que era necessário.
Secondo Perboni ou Segundo Perboni era meu tio. Onivaldo Marquezim, meu primo. Entrei na oficina e informei meu tio do acontecido. Ele me olhou e simplesmente me disse: “então senta aqui e vai atendendo ao telefone e o que os mecânicos querem. Me ajude que tenho o que fazer.”  No fundo da oficina ouvi meu tio informando meu primo da minha presença. E meu primeiro emprego acabou sendo na oficina de meu tio Segundo.
Atender telefone representava ter que gritar da mesa da recepção até o fundo da oficina, para quem era a ligação e eu morria de vergonha de fazer isso. Tanto que preferia levantar e ir até a pessoa que deveria atender ao telefone e avisar da ligação. E muitas vezes o mecânico estava debaixo do caminhão, cantando ou reclamando do vazamento de óleo ou da porca que tinha se perdido do parafuso. E eu tinha que gritar para avisar do telefone.
Mas tio Segundo era rápido em resolver as coisas, em ver as fichas e conferir o que estava ali anotado. Isso ele fazia todo dia, controlando entrada e saída de dinheiro e vendo meu trabalho. Mas Ademir voltou do vestibular e a primeira coisa que fez foi conversar com Segundo sobre o que fizera, se desculpar pela situação criada e dizer que eu já podia ficar em casa. Meu tio olhou para mim, sorriu e simplesmente disse: “ele dá conta do recado, deixa ficar por aí até que a gente tem dinheiro paga pagar”. E fui ficando um mês, dois meses, três meses. Mas este trabalho me proporcionou o conhecimento de outras pessoas e a ver como meu tio trabalhava.
Foi pouco o tempo ali trabalhado, mas aprendi a admirar este homem simples, de macacão sujo de graxa, mas que tinha um cuidado especial em sempre manter limpas as mãos, porque sempre aparecia um cliente. E ele gostava de cumprimentar a todos.

Mas 25 anos depois disso, depois de visitas, agora não mais como patrão e empregado, mas como tio e sobrinho, Segundo Perboni deixou este mundo, como tudo em sua vida: de um jeito muito simples e rápido, mas que deixou uma saudade imensa em todo mundo!

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

PERSONAGENS Um pouco de Waldemar Gonçalves

Quando o conheci, no início da década de 1970, era chefe de gabinete do prefeito Walmor Barbosa Martins e trabalhava, também, no jornal concorrente: eu, começando como repórter no Jornal da Cidade e ele com redator-chefe no Jornal de Jundiaí. Quando ele se transferiu para o Jornal da Cidade é que vi seu jeito de trabalhar. Se na Prefeitura buscava orientar repórteres para as entrevistas, no jornal a situação era melhor: não dizia, fazia! E todos aprendiam sua maneira de agir. Ver Waldemar Gonçalves trabalhar era diferenciado. Ninguém fazia como ele: máquina de escrever, rádio de pilha ao lado da mesma, televisão ligada para “ouvir” os telejornais, pois não tinha tempo para ver, e muitas vezes – a maioria delas – com o telefone no ouvido. E fazia as quatro ações ao mesmo tempo, além de cobrar serviços, silêncio e soluções para os jornalistas. Conhecia com ninguém os políticos da cidade. Sabia o que pretendiam, orientava quem o buscava e dava dicas de ações para os repórteres quando iam entrevistar um destes homens. Fazia coluna social se o responsável não aparecesse, escrevia sobre polícia, fazia coluna política, definia a manchete, comentava sobre futebol, enfim entendia de todos os assuntos. Nesta época eu fazia a faculdade e deixava a redação por volta das 18h30, pois viajava para Campinas. Deixava a capa diagramada para ele definir os textos. No dia seguinte, me surpreendia com as mudanças que fazia. Não havia destruição de torre gêmeas que abalasse sua estrutura: se preciso fosse mudava o jornal inteiro. E num minuto! Imagino, agora, 40 anos depois, como seria seu trabalho com as ferramentas mais fáceis, como internet, celular, e a agilidade do volume de veículos e de pessoas que fazem os jornais escritos de hoje. No período em que trabalhamos juntos nunca teve dificuldade em fazer jornal. Mas tenho certeza que, com toda esta evolução só não faria o jornal sozinho porque, como ele dizia: “Precisamos um do outro. Sempre!”

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Cumplicidade

Depois que padre Hugo decidiu alterar o nome de Cruzada Eucarística Infantil para Juventude Cristã em Marcha, nos primeiros anos da década de 1970, o número de jovens cresceu assustadoramente. Se o nome era infantil, era claro que permaneciam ali crianças apenas. Alguns que ali ficavam com idade superior a 14 anos, acabavam se tornando dirigentes e este era meu caso. Mas não eram apenas crianças que permaneciam, houve uma procura muito grande de jovens que ali se abrigavam em busca da palavra de Deus, com seus 15, 16, 17 anos. E foi na segunda metade desta década que conheci Rita de Cássia, hoje minha esposa com quem estou casado há 35 anos. Foi levada ao grupo, convidada pela amiga Maria Cristina. E diria que passamos um ano nos paquerando. Eu como dirigente e ela como mais uma integrante da Juventude Cristã em Marcha. E nas missas dominicais em que o grupo dirigia, eu era um dos comentaristas: fazia introdução à celebração, às leituras, pedia para os fiéis se ajoelharem, se levantarem ou se darem as mãos no Pai Nosso. E era na hora do Pai Nosso que a procurava. O grupo de jovens estava no altar, formando o coral e onde estavam também os leitores. No microfone eu pedia a todos: “Vamos dar as mãos para rezar o Pai Nosso”. Quando o padre fazia a introdução da oração, eu dava um passo para trás para me juntar ao grupo e uma de minhas mãos buscavam uma dela, acompanhando meus olhos que a procuravam. E rezávamos juntos. De mãos dadas! Foram muitos domingos assim... Isso foi até iniciarmos os pouco mais de três anos de namoro. A partir de então, não havia esta busca disfarçada, mas sim uma procura segura, consciente. Já no início do namoro, revelei a ela este segredo: o de procurar por ela para segurar sua mão. Ela se revelou cúmplice: fazia igual!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Presença!

Queria sentar no banco da praça, curtir a vidraça, curtir a massa, mas... imaginar e sentir você! Queria passear nas ruas, sentir as presenças, sentir as ausências, mas sentir você! Queria correr na avenida, sentir a menina que você sempre foi pra mim! Uma menina doce, suave, meiga! Uma menina doce, suave, meiga! Uma menina! Queria sentar na avenida, perceber as presenças, as ausências, mas sentir você! Queria estar contigo, ser seu amigo, mas ser sempre seu! Queria ser seu namorado, ser seu amado e contigo me casar! Queria tudo isso. Queria, mas Deus te pôs na minha frente, me deu você de presente.. pra eu sempre te amar! E estou contigo, pra ser seu amigo. Pra ser seu amor Pra te amar pra sempre. Pra ser sempre a gente a se encontrar!