segunda-feira, 16 de março de 2015

PERSONAGENS (6) As ações de Guinés Marcos Pantoja

Difícil falar de pessoas com que tive pouco contato. Mas falar de Guinés Marcos Pantoja, que conheci no meu tempo de Jornal da Cidade e início de carreira por volta de 1972 ou 1973, não é tão difícil assim. Até porque este homem, que era diretor da Câmara Municipal de Jundiaí, era fonte de informação para os jornalistas. Não me lembro da existência de assessoria de imprensa nesta época, até porque a profissão não era regulamentada, as faculdades de jornalismo estavam iniciando seu trabalho e eram poucas as pessoas disponíveis no mercado. Lembro que na década seguinte, imagino que entre 1984 e 1985, quando trabalhava já em Campinas que ouvi falar de Wilson Martins que nos tempos que contei no início deste texto, trabalhava na rádio Difusora, falando de futebol.
Mas se não havia assessoria, alguém tinha que desempenhar papel parecido e era Guinés Marcos Pantoja que, um dia antes das sessões, ligava para os jornais e rádios para passar a pauta da reunião. E sua passagem de pauta exigia, por parte dele, longos comentários do que iria acontecer. Uma verdadeira aula de política e jornalismo, mostrando que era um grande conhecedor destes assuntos e, claro, da importância da notícia para cidade.
E diante de sua competência e humildade, no dia da publicação ligava agradecendo o destaque e o repórter o questionava sobre o certo e o errado no texto. Pantoja agradecia e fazia breve comentário, lembrando que a função do jornalista era informar e isto estava sendo feito corretamente.
Por conta de seu trabalho eram poucas as vezes que deixava a Câmara para correr redações, mas o fazia com prazer e alegria, principalmente quando algum novo vereador assumiria rapidamente o cargo por conta de licença de alguém. E ele fazia questão de levar o personagem à redação e contar a novidade. Pantoja não abandonava o olhar de alegria, o sorriso nos lábios e a certeza de que fazia um trabalho bem feito.
Falei com ele três ou quatro vezes pessoalmente. Por telefone foram inúmeras. Afinal, como disse, ele fazia – e muito bem – seu trabalho  na Câmara. E o tratamento, nos encontros, sempre foi igual: com cordialidade, alegria e humildade. Procurando sempre mostrar a importância de um trabalho bem feito.

Deixei  o Jornal da Cidade em 1977 e soube de sua aposentadoria um tempo depois. Mudei para Campinas por conta de trabalho, mas sempre mantive raízes em Jundiaí. E foi na metade de 1990 que tive notícias de que Guinés Marcos Pantoja não estava mais neste mundo. O diretor da Câmara tinha ido encontrar vereadores amigos que estavam reunidos no céu...

terça-feira, 3 de março de 2015

PERSONAGENS (5) O mestre Fábio Rodrigues Mendes

Sempre o chamei de professor! Muitas vezes de professor poeta ou poeta professor. Com o passar do tempo e o crescimento da amizade, comecei a chamá-lo de grande mestre ou grande poeta. E ele era isso mesmo: um grande homem! O conheci na redação do Jornal da Cidade no início da década de 1970, quando comecei no jornalismo. O mestre Fábio Rodrigues Mendes, o poeta Fábio Rodrigues Mendes, o grande homem Fábio Rodrigues Mendes era visita constante na redação. Na maioria das vezes para levar um poema para publicação ou até mesmo um artigo escrito por ele. E muitas vezes sua esposa, a poetisa Ermínia Serafim Mendes, o acompanhava.
Mas o bom das visitas do poeta era que sempre trazia um livro. Mesmo que não fosse dele – e ele tinha vários publicados – fazia questão de presentear alguém com uma obra. Isso era um verdadeiro incentivo à leitura. Devoto de São Sebastião, o mestre sempre se despedia lembrando do santo: “Que São Sebastião o proteja!”, encerrava a visita.
Talvez tenha sido por causa dele que me enveredei pelas letras. Um livro dele aqui, outro ali e a estante foi se embelezando com letras e palavras e Fábio era um grande incentivador.  Não era difícil ele passar pela redação, me chamar à janela com um livro na mão – geralmente de sua autoria -, abrir em uma página qualquer e ler meia dúzia de versos. Sorrir, fechar o livro, me dar um abraço e se despedir. Era assim que não me esquecia do mestre, do poeta, do grande Fábio!
Quando me mudei para Campinas, o contato não desapareceu. O poeta ligava para saber como estava. Na última vez que nos falamos, eu estava desempregado. Perguntou o que ocorrera, o que pretendia fazer e me lembrou de seu protetor: “Reze para ele, São Sebastião não nega ajuda!” Atendi sua sugestão. Dez dias depois estava trabalhando. Escrevi a ele uma carta relatando o fato, sua resposta foi uma ligação e um desejo de felicidades. “Que São Sebastião o proteja”, encerrou o telefonema.

Quando voltei a morar em Jundiaí, o poeta, o professor não estava mais aqui. Tinha ido escrever poemas no céu!