Conheci Arquimedes, que nasceu Lázaro de Almeida, na rua
Moreira César, Vila Arens, num local onde sempre foi farmácia, mesmo tendo
mudado de nome algumas vezes e que naquele tempo se chamava Farmácia Progresso.
E o tempo é antigo: década de 1950. Ele era o farmacêutico que todo mundo
achava ser o médico do bairro. Atendia a todos com a mesma dedicação e sempre
sorrindo. Ouvia com seriedade os relatos do paciente e sorria ao diagnosticar o
problema e fazer a medicação. Mas não era só isso que ele fazia. Mas vale dizer
que tudo que fazia, tinha a mesma atenção, dedicação e cuidados!
Foi ele quem cuidou de meu irmão mais velho, quando este se
machucou, quando criança, num arame farpado e precisou dar um ponto no braço.
Os farmacêuticos também faziam isso na metade do século passado!
Se sua farmácia estava sempre cheia de pessoas que buscavam
seu diagnóstico, sua sala, na Câmara de Vereadores não era menor. Imagino que
tenha sido o vereador que mais vezes ocupou a presidência da Casa. Era ali que
eu também o via, nos tempos de rádio Santos Dumont e que acompanhava as sessões
da Câmara. Chegava ao local sorrindo, sentava na cadeira da Presidência e se
transformava no competente vereador que sabia comandar os colegas de
parlamento. De sua cadeira, visualizava a equipe de jornalistas no local.
Acenava para todos com seu sorriso para, no minuto seguinte, abrir pastas e
mais pastas e dirigir os vereadores presentes, ler projetos, aprovar, interromper
discussões, enfim faz o papel de presidente! E se foi o vereador que mais vezes
foi presidente da entidade, com certeza Arquimedes está entre os mais vezes
eleitos.
E se já cruzava com ele quer na farmácia, quer na Câmara, o
via também no Salão Paroquial de Vila Arens. Afinal, era ele quem comandava as
festas ali realizadas, principalmente de aniversários dos padres salvatorianos
que dirigiam a igreja do bairro. O salão estava sempre lotado nestes dias e,
entre uma apresentação e outra – quer pequenas peças de teatro, apresentações
musicais ou declamações de poesias – Arquimedes se apossava do microfone e
fazia a plateia rir com piadas e “causos” que sabia contar como ninguém. Mas Arquimedes não foi só isso: chegou a ser
presidente do Paulista, do Ipiranga, que era praticamente em frente à sua
farmácia. Além disso, o projeto de criação da Guarda Municipal de Jundiaí é de
sua autoria.
Quando deixou o
Legislativo de Jundiaí, imagino que no início da década de 1980, eu já não
morava na cidade, pois me casara e mudara para Campinas. Não soube, também, de
sua partida, mas quando retornei a Jundiaí, já na década seguinte, sua farmácia
tinha fechado, mudado de nome e ele não estava mais por aqui. Apenas tivera,
como homenagem, dado seu nome ao prédio da Câmara de Vereadores, perpetuando
seu trabalho na cidade.