segunda-feira, 15 de maio de 2017

Bala de mel tinha sabor de felicidade!

Final da década de 1950, início da de 1960, receber visita de tios em casa era uma festa. Isso porque eles sempre chegavam com um saquinho cheio de balas que distribuíamos entre nós, irmãos. Tia Teresa, tio Geraldo, tio Antonio, tia Eulinda entravam pelo portão já com o pacote de balas que era entregue para o filho mais novo de seu Alcindo e dona Angelina. Como eu não era nem o mais velho nem o mais novo ficava na expectativa de como as balas chegariam às minhas mãos. Geralmente as balas chegavam às mãos de Osmar ou de Antonio, porque Alberto só nasceu quase na metade da segunda década citada acima. E se Ademir estava em casa, o pacotinho ia até suas mãos ou até mesmo de Ana Maria. E as balas eram espalhadas sobre a mesa da cozinha e a divisão era feita de forma igual: balas de mel para todos! Às vezes vinham balas de hortelã, mas eu não gostava e trocava as minhas por mais balas de mel com o irmão que gostava mais do outro sabor. E chupar a balinha de mel tinha um sabor especial. Acho que é porque nossos tios preferiam menos sabores para evitar divisões ou falta de uma ou outra na hora de se colocar as balas sobre a mesa e cada um pegar a mesma quantidade. Só sei – e isso me lembro até hoje – que muitas vezes duas ou três balas de mel passeavam por minha boca. Uma eu mastigava para sentir o líquido saindo de dentro dela enquanto as outras passeavam pelo céu da boca. E não tinha outra alegria maior do que saborear estas balas de mel. A gente sentia que a alegria de nossos tios era ver a gente satisfeito e eu percebia que o gosto da bala tinha sempre um sabor de felicidade. Muitas vezes guardava uma ou outra para mais tarde. Quando todo mundo já tinha ficado satisfeito com suas balas, lá ia eu saborear mais uma de mel. E deixava ela desmanchar todinha na boca para sentir, durante mais tempo, o sabor de quero mais!!! Mesmo que não tinha mais! O importante era o sabor que ficava na boca: um sabor de alegria, um sabor de “mãe dá dinheiro pra comprar bala de mel no bar da esquina?” E, com um trocado na mão chegava no bar e dizia: “me dá tudo isso de bala de mel!” E lá vinha sorrindo para casa! Só pra dividir entre os irmãos mais balas de mel e sentir o sabor de felicidade!