Conheci Aparecida Mariano de Barros na Academia Jundiaiense
de Letras onde entrei em 2002. Claro que demorou um tempo para a gente
interagir, mas as conversas giravam em torno das crônicas que eu publicava no
Jornal de Jundiaí, no caderno Leitura de Domingo que desapareceu com o tempo.
Mas no início ela confundia as pessoas: achava que o autor era outro acadêmico.
Até o dia em que nós três conversamos sobre o assunto. E aí, sempre que haviam
reuniões ela se dirigia a mim, para comentar as crônicas publicadas desde a
última vez que nos vimos.
A conversa de Aparecida girava sempre em torno dos “causos”
vividos por ela, principalmente em Piracicaba, onde nasceu. Uma memória
prodigiosa desta mulher que mantinha o sorriso nos lábios durante sua
narrativa, cheia de interpretação. Mariana era uma das mais ativas acadêmicas:
todo ano tinha um livro publicado, com poesias doces, assim como ela era. E
neste seu jeito de ser, sempre que nos víamos, me puxava pelo braço e perguntava
“quanta doce de formol tomou agora pra ficar assim tão jovem?” E mesmo dizendo
que isso era delicadeza dela, trocávamos ideias sobre causos e histórias de
nossas infâncias. Eu, nas registradas nas crônicas publicadas no jornal e ela
rememorando “causos” que lhe provocavam risos.
Livros, trovas e poemas premiados, transformaram Aparecida
numa personagem cheia de alegria nas reuniões acadêmicas. Não havia uma reunião
que ela não se pusesse de pé para ler um poema, declamar uma poesia decorada ou
contar um “causo” – num linguajar sertanejo – que provocava risos, mas muitos
aplausos dos presentes.
Aparecida era assim... Uma pessoa cheia de vontade de viver.
Claro que vontade não se perpetua e todos fazem por este mundo uma passagem
dentro de um período determinado. E Aparecida se foi não faz muito tempo.
Deixou um vazio nas reuniões acadêmicas, mas aquele sorriso ao término de mais
um “causo” registrado por ela, ainda é refletido na sala Professor Jahyr
Accioly, no Museu Histórico e Cultural de Jundiaí onde ocorrem as reuniões
acadêmicas, sempre nos segundos sábados de cada mês.