O título pode parecer estranho, já que Mariazinha Congílio
não se restringiu a apenas uma obra. Ideal seria no plural, mas está como está
porque foi por conta de uma obra que a conheci. Mas, pensando bem, todo o
conjunto se transforma numa grande obra: a obra de Mariazinha Congílio. O ano
era 1971 quando Mariazinha publicou o livro “Nem a favor nem contra, muito pelo
contrário”. Foi o bastante para sugerir ao chefe de reportagem do Jornal da
Cidade onde engatinhava como repórter, uma entrevista com ela. Entrevista
aprovada e repórter escolhido: Eu!
Mariazinha morava na rua Senador Fonseca, o que significa que fui até
sua casa, com fotógrafo, a pé, já que a redação ficava na Praça das Bandeiras,
onde na época havia uma escolinha e uma praça com lindas árvores e muito bem
cuidada!
O sorriso nos lábios da escritora durou toda a entrevista: o
comentar da obra, os detalhes da inspiração, e o desejo de que seus textos
atravessassem o oceano. Mariazinha era assim: simples e ousada: um sonho de ver
o mundo lendo seus textos. Entrevista encerrada, a despedida e o sorriso em
seus lábios se perpetuou na minha memória!
Meu contato com a escritora e jornalista foi pequeno: três,
quatro, no máximo. O primeiro, um telefonema marcando a entrevista, o segundo,
a realização da mesma, o terceiro o agradecimento dela, ligando à redação para
dizer que gostou do que leu publicado e o quarto... mais de 30 anos depois,
quando nos encontramos – na verdade uma vez – numa reunião da Academia
Jundiaiense de Letras.
Entrei na Academia em 2002, mas nesta época Mariazinha vivia
mais em São Paulo do que por aqui e me lembro dela apenas numa reunião, quando
a cumprimentei. Sorriu quando falei da reportagem de tantos anos passados. O
sorriso era o mesmo do dia da entrevista. E foi num dia da reunião da Academia,
em agosto de 2004, quando surgiu a informação de seu falecimento que, mais uma
vez, me recordei daquele sorriso.
Mariazinha teve mais de 50 livros publicados. Escreveu para
o Jornal de Jundiaí, Correio Popular de Campinas, escreveu sobre televisão para
uma revista especializada. Ah! Claro! Como sonhava, como desejava, seus textos
se eternizaram em muitos países, principalmente Portugal. Mas ela chegou à
Itália, avançou para a língua inglesa e conquistou o mundo! E teve, claro,
muitos prêmios ganhos, graças à beleza de seus textos!
Falar de Mariazinha é não esquecer seu sorriso que hoje, com
certeza, ilumina cada manhã de seus familiares e conhecidos, como o primeiro
raio do sol e se eterniza no final da tarde, com o brilhar da primeira estrela
no céu!