Sempre o
chamei de professor! Muitas vezes de professor poeta ou poeta professor. Com o
passar do tempo e o crescimento da amizade, comecei a chamá-lo de grande mestre
ou grande poeta. E ele era isso mesmo: um grande homem! O conheci na redação do
Jornal da Cidade no início da década de 1970, quando comecei no jornalismo. O
mestre Fábio Rodrigues Mendes, o poeta Fábio Rodrigues Mendes, o grande homem
Fábio Rodrigues Mendes era visita constante na redação. Na maioria das vezes
para levar um poema para publicação ou até mesmo um artigo escrito por ele. E
muitas vezes sua esposa, a poetisa Ermínia Serafim Mendes, o acompanhava.
Mas o bom
das visitas do poeta era que sempre trazia um livro. Mesmo que não fosse dele –
e ele tinha vários publicados – fazia questão de presentear alguém com uma
obra. Isso era um verdadeiro incentivo à leitura. Devoto de São Sebastião, o
mestre sempre se despedia lembrando do santo: “Que São Sebastião o proteja!”,
encerrava a visita.
Talvez tenha
sido por causa dele que me enveredei pelas letras. Um livro dele aqui, outro
ali e a estante foi se embelezando com letras e palavras e Fábio era um grande
incentivador. Não era difícil ele passar
pela redação, me chamar à janela com um livro na mão – geralmente de sua
autoria -, abrir em uma página qualquer e ler meia dúzia de versos. Sorrir,
fechar o livro, me dar um abraço e se despedir. Era assim que não me esquecia
do mestre, do poeta, do grande Fábio!
Quando me
mudei para Campinas, o contato não desapareceu. O poeta ligava para saber como
estava. Na última vez que nos falamos, eu estava desempregado. Perguntou o que
ocorrera, o que pretendia fazer e me lembrou de seu protetor: “Reze para ele,
São Sebastião não nega ajuda!” Atendi sua sugestão. Dez dias depois estava
trabalhando. Escrevi a ele uma carta relatando o fato, sua resposta foi uma
ligação e um desejo de felicidades. “Que São Sebastião o proteja”, encerrou o
telefonema.
Quando
voltei a morar em Jundiaí, o poeta, o professor não estava mais aqui. Tinha ido
escrever poemas no céu!
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