sexta-feira, 27 de maio de 2016

O adeus a Marco Benatti

Conheci Marco Benatti no início da década de 1990. Ele, como diagramador e eu como editor de Política e Economia do Diário do Povo. Brincalhão, riso fácil, mas acima de tudo competente naquilo que fazia. Nas sextas-feiras, quando fazíamos aquilo que chamávamos de “pescoção” – que era o adiantamento da edição de domingo – Benatti, com sua calculadora, prancheta e todo o “kit” dos diagramadores, percorria as mesas dos editores em busca de páginas para fechar. Quando assumi o cargo de editor-chefe, Marcão – como todo mundo o chamava – virou repórter e em pouco tempo já era repórter especial. Mesmo depois de repórter ele não esquecia os amigos: sempre que preciso fosse, apanhava o “kit” e ajudava a adiantar o jornal. Afinal, todo mundo queria sair mais cedo. Por conta de trabalhos extras dentro do jornal, acabamos criando uma empresa: Benatti, eu e mais dos colegas de redação: Chico Sanches e Marcelo José do Canto. Mas a empresa não dava lucro ou o dinheiro que entrava todo mês, a gente comprava carne, carvão e cerveja e comemorava, em família: o churrasco era na minha casa e Marcão vinha com Evelyn, sua noiva e Chico também trazia a sua noiva, Tania. Marcelo sempre tinha outros compromissos, não podia vir, mas a gente encerrava a noite jogando truco. Mas Marcão fazia questão de antes da carne e da cerveja, sentar no chão da sala de minha casa, e jogar vídeo-game com meu filho de seis anos, Tiago Alexandre. Mas como a nossa profissão é cheia de alternativas, nos separamos. Fui para São Paulo, voltei para Jundiaí e foi aqui que voltei a ter notícia deste grande profissional: era editor-executivo em Piracicaba, mas logo assumiu a mesma função no Bom Dia que iniciava suas atividades em Jundiaí. Vi e conversei com Marcão exatamente no dia em que ele foi embora de Jundiaí, quando deixou o Bom Dia. Foi chamado pela direção do JJ onde eu trabalhava, para – quem sabe? – assumir meu lugar, pois estava aposentando. Conversamos sobre isso na “rampa” do JJ. Marcão sorriu, desejamos boa sorte, perguntei pela família – “casei com a japonesa e tenho duas filhas”, sorriu ele – e nunca mais nos vimos. Na ingratidão desta profissão, Marcão partiu neste feriado, num acidente de trânsito. Virou o que sempre gostou de fazer: notícia! A partida deste grande profissional provocou uma dor muito grande em mim. Afinal, foram muitos anos de trabalho juntos, mas como disse, a profissão de jornalista é cheia de alternativas e, acima de tudo, ingrata! Perdi alguns amigos: uns pela idade ou por doença, outros de repente, num infarto provocado pelo desgaste do trabalho, mas Marcão foi diferente: num acidente de trânsito que continua tirando vida de tanta gente neste nosso Brasil. Sei que está na paz do Senhor, agora, meu amigo, mas isso não elimina o vazio que ficou dentro de mim!

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