quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Vitrines


 Você já passou diante de uma vitrine e sonhou com o que seus olhos viam? Quer um vestido, uma blusa, uma calça, uma camisa? Com certeza já... E no meu tempo de garoto, o que mais gostava era de passar diante de uma vitrine para ver se tinha algo, ali, que me pudesse fazer sonhar. Loja de brinquedo, claro, era meu sonho. E nas noites de dezembro, quando o comércio ficava aberto até mais tarde – e dinda fica -, lá ia eu e meus irmãos passear pelas ruas da cidade. Ônibus lotado de pessoas, empurra-empurra na hora de subir e descer, mas... depois... um alívio interior que não dá para se medir. Apenas sentir!!!
E lá iam meus irmãos para as vitrines de lojas de roupas. Jundiaí tinha apenas uma grande loja de roupas por volta dos anos 60. “Rei das roupas feitas” vivia cheio de gente e, no Natal, todo mundo saia vestido igual... Mas eu não via a hora de sair dali, depois de experimentar uma, duas camisas, não gostar de nenhuma, mas achar que eram ideais para meu uso diário – uma – e missa dominical – a outra.
Mas criança mesmo quer mais é passar diante da vitrine daquela loja, ver aquele brinquedo sonhado. E pronto! Roupa comprada, o caminho era as vitrines de brinquedos, mesmo sabendo que não compraria nada daquilo, meus olhos brilhavam ao imaginar o que poderia estar na vitrine do meu sonho...
E estacionava diante das vitrines. Bicicletas, triciclos, bolas de capotão, de borracha, caminhãozinho de madeira, jogo de tômbola, de varetas, dominó, quebra-cabeça de madeira... Um sonho, um doce e interminável sonho!
Enquanto meus irmãos olhavam brinquedos “para maiores”, me deliciava com meus sonhos de criança... Descendo a avenida com o triciclo, enquanto meu irmão olhava dos dois lados da rua para ver se não aparecia nenhum veículo mais “maluco” do que eu. E a bola rolava o campo... mesmo que fosse um rapadão. O ideal era jogar, chutar, marcar, comemorar. E, depois, correr no açougue, pedir um pedaço de sebo e deixar a bola de capotão “oficial” brilhando...
E lá vem o caminhãozinho carregado de pedras para se construir uma linda casa... E pronto! O sonho terminou. Meus irmãos já tinham verificado o que queriam ganhar e pedir para nosso pai colocar debaixo do presépio na noite de Natal. “E você, o que quer?”, perguntava Ademir. Eu, me afastando da vitrine, olhava pra trás, imaginava os sonhos, respirava fundo e seguia em busca do ônibus “não sei, não tenho idéia de preço, não sei o que papai pode comprar pra mim...”

Um comentário:

  1. Ah professor, que saudade me deu da minha infância, quando eu ia de metrô para São Paulo com minha mãe e meu irmão gêmeo para ver presente de Natal, é que às vezes era mais acessível o preço lá, ou a loja de Jundiaí não dispunha do artigo... E mãe faz cada uma para contentar os filhos, não é? Sonhos de consumo de crianças... Ai ai! Eram tantos brinquedos que realmente tornava-se um desafio optar por um único... Adorei!

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