domingo, 26 de fevereiro de 2012

Bolinhas de sabão

Fazer bolinhas de sabão era algo extraordinário! Vendo as bolinhas coloridas subindo ao céu, flutuando, navegando no espaço! Mas não sei porque este tipo de brincadeira não existe mais nos dias de hoje! O computador, o videogame, tudo isso acabou com brincadeiras que, no meu tempo de criança, cativava todo mundo!
Mas não havia canudo nem canequinha para se brincar! Ademir e eu pegávamos uma xícara velha, um pedaço de sabão em pedra, água e – acreditem – um cabo de uma folha de mamão para transformá-lo em canudo. Confesso que tinha inveja dos garotos que brincavam com o canudo, feito com pedaço de bambu.
O problema maior do cabo da folha de mamão era o leite que saía do mesmo. E isso provocava feridas na boca, o que deixava dona Angelina preocupada, pois aquilo doía bastante.
Mas lá ia eu e Ademir brincar de bolinhas de sabão! Às vezes subíamos no muro para poder soprar a bolinha o mais alto possível e, quando ela era enorme, gritávamos desesperados para os amigos verem aquela obra-prima! Berto, Luciano, Adilson, Fernando e depois Mercinho, eram os companheiros da brincadeira. E ver a bolinha subindo, subindo, subindo para o céu era algo indescritível! Às vezes elas desapareciam no céu e quando estouravam, havia um ar de decepção; mas quando a recuperávamos na ponta do canudo era motivo de festa. E lá subia ela novamente...
Ademir se entusiasmava. Fazia uma atrás da outra, pulava, soprando para que ela subisse... Não esqueço jamais uma bela manhã, quando Ademir subiu no quarador – este sim, feito de bambu onde dona Angelina quarava a roupa – para que a bolinha subisse mais, mais, mais, mais, um sopro, outro sopro, mais outro e... a queda!
O braço raspou no arame farpado, que prendia um bambu no outro. O sangue jorrou forte. Ademir gritou de dor. Ao invés de acudi-lo, corri para dentro de casa, como se não tivesse nada a ver com aquilo. Ademir quis esconder o fato, mas a dor era forte, o sangue era muito e lá vem dona Angelina desesperada, correndo para acudir o filho mais velho!
Dois pontos feitos na farmácia do seu Arquimedes, na Vila Arens, estancaram o sangue e aliviaram a dor mas a marca, esta ficou até hoje no braço direito, tornando inesquecível o fato! E as bolinhas de sabão ainda flutuam sobre nossas mentes...

Um comentário:

  1. AS bolinhas de sabão tinham um encantamento, um fascinio, que nos levava a sonhar.

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