quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Mudança de vida!

Sentiu uma dor forte no peito. Apoiou-se no encosto da cadeira para se manter em pé. Quis gritar por socorro, mas o grito de dor foi maior e seu corpo deslizou, num pouso forçado no chão. A noite caia lá fora e a chuva forte avisava que não iria parar tão já. Relâmpagos e trovões misturaram-se ao grito de dor, enquanto a energia elétrica deixou o ambiente na escuridão. O gerador demorou ainda cinco minutos para ser ligado na empresa e, como ninguém podia ir embora, mesmo com o expediente encerrado, por causa da chuva, o corpo estendido no chão, na sala da presidência, acabou sendo descoberto pela secretária de diretoria e o ambiente mudou de preocupação com a chuva, com o que teria acontecido no local. Quando o médico da empresa, chamado às pressas e que por sorte estava ali por causa da chuva, constatou o infarto, o chamado da ambulância se fez necessário. Mas não se pode dizer que o destino prega peças às pessoas, pois, por causa da chuva, as principais ruas da cidade estavam congestionadas, dois acidentes, na avenida de acesso à empresa atrapalhavam qualquer solução para a chega de socorro. Uma maca do ambulatório ajudou a ajeitar o corpo do diretor infartado e havia a certeza de que não era fatal! Mas havia o alerta de que o fato poderia se repetir e isso preocupava as poucas pessoas ali presentes. Nos corredores e no pátio da empresa, o movimento já era grande, com funcionários indo em busca de seus lares, ignorando o que acontecia no prédio da administração. Encaminhado ao hospital e tendo recebido atendimento, chamou o médico da empresa para saber como repercutira entre os funcionários o que lhe acontecera. Após saber que os 200 funcionários em serviço na hora tiveram a informação e que apenas o médico, sua secretária e mais um diretor aguardaram notícias sentiu que era hora de mudar de postura. Refeito da enfermidade e tendo retomado o trabalho, logo no primeiro dia deixou sua sala e percorreu todas as repartições cumprimentando cada um dos funcionários e se desculpando por não prestar atenção na existência deles. Ao refletir que a vida era curta e que podia se acabar de repente, sentiu que a fraternidade e a partilha são essenciais para um mundo melhor. E mudou! As portas de sua sala passaram a ficar abertas a todos os trabalhadores e os finais de semana se transformaram em encontro de amigos, cada um dividindo a alegria de viver com outro.

2 comentários:

  1. É professor, às vezes é assim mesmo, só um súbito susto faz as pessoas mudarem de postura e que bom que ocorreu com esse "chefe". Mas há pessoas que infelizmente não vão aprender, nem com um "empurrãozinho" da vida para refletir. No entanto, motivador seu texto.
    "Na simplicidade aprendemos que reconhecer um erro não nos diminui, mas nos
    engrandece, e que as pessoas não existem para nos admirar, mas para compartilhar conosco a beleza da existência", como diria Roberto Shinyashiki...

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  2. Dia desses,li no blog de uma amiga,Cirleia Lima, a frase:
    "para termos uma vida plena, precisamos nos lembrar da certeza da morte"
    Verdade

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