segunda-feira, 17 de junho de 2013

Na Legião de Maria

Início dos anos 60 meu irmão Ademir entrou na Legião de Maria, uma entidade religiosa que tinha como objetivo realizar ações de apostolado e de caridade. Mas Ademir já trabalhava e estudava e isso lhe dava pouco tempo para se dedicar às reuniões e a cumprir estas ações semanais que deveriam ter, no mínimo, uma hora. Com tantas atividades, Ademir me levou com ele para a primeira reunião e já começamos juntos nossa missão. Não haviam muitos membros na Legião e as reuniões aconteciam numa sala no Colégio Divino Salvador, ao lado da Igreja da Vila Arens. Além das reuniões semanais havia, uma vez por ano, um encontro municipal, com um evento, na tarde de um domingo, nesta mesma igreja ou na do centro da cidade que ainda não era catedral. Estes encontros deixavam a igreja lotada, pois haviam os membros ativos – que participavam das reuniões e realizavam ações de apostolado e de caridade – e os passivos, que apenas faziam as orações da “Catena Legionis”, chamadas de Tessera. Semanalmente, então, Ademir arrumou uma atividade para nós: dar catequese para crianças uma vez por semana! E estava decidido: chamaríamos as crianças que moravam perto de casa e começaríamos a catequizá-las! Na semana seguinte começamos os encontros: meia dúzia de meninos, com idade entre 5 e 9 anos apareceram em casa. Nos empolgamos com a reação, mesmo que pequena, mas o importante não era a quantidade, mas o que conseguiríamos fazer com os garotos. E na reunião semanal da Legião, fazíamos relatório do aprendizado das crianças, dizendo quantos compareceram, qual o assunto tratado e quanto tempo durou o encontro. E não poderia passar de uma hora! O catecismo adotado era o único existente: o da Primeira Comunhão! Explicávamos a lição, pedíamos para estudar em casa e, na semana seguinte, fazíamos perguntas a respeito do assunto. Haviam três irmãos que acabaram ficando mais tempo com a gente, mesmo depois que deixamos de ser membros ativos da Legião. Osni, Pedro e Zezé apenas atravessavam a rua, pois moravam bem em frente à nossa casa, na Vila Progresso. Depois de algum tempo os garotos se mudaram para outro bairro. Algum tempo depois integraram o grupo Revolução Jovem – conhecida mais por “RJ” na Vila Arens, comandada pelo padre Victor, já falecido. Hoje, mais de 50 anos depois do início desta amizade, a gente se cruza nas rede sociais que o mundo cria, não sei se para reaproximar pessoas ou para manter uma de cada lado da tela do computador, mas nunca perguntei a eles se este fato passa por suas memórias. O importante, porém, é saber que nossas ações serviram para dar um caminho à vida das pessoas.

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