quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Quando Tarzan enriquecia a vida de Josyanne! - “No meu tempo de criança” (II)

Brincar nas ruas do Umarizal, em Belém do Pará, era a realização de Josyanne. Para ela não importava quantas pessoas faziam parte de seu grupo de amigos na brincadeira. Podia até brincar sozinha! Afinal, ser criança é um sonho eterno de todos os humanos e crescer era tentar fazer o tempo voltar. Só pra brincar na rua outra vez... Num bairro onde o meio ambiente era parte da vida de todos, as árvores que floriam a rua onde a avó de Josyanne morava eram sua realização. Principalmente quando o caminhão da Prefeitura passava por ali e podava os galhos maiores, para deixar a rua mais limpa e as árvores mais frondosas. E era neste ponto que Josyanne se transformava! Árvores podadas, galhos deixados na calçada para outro grupo de funcionários fazer a limpeza, e Josyanne “virava Jane”, principalmente porque adorava os filmes de Tarzan e se metia no meio dos galhos e, “fazendo charminho” não escolhia ninguém para viver esta aventura com ela, brincando de “casinha” no meio dos galhos. As folhas das árvores eram como se fossem a cobertura de sua casinha e sua alegria era sonhar no meio de tanto verde. Mas... ah! Como existe sempre um mas... A brincadeira de Josyanne terminava e saia ela do meio dos galhos, com seus longos cabelos enfeitados de folhas... Podia até ser motivo de alegria estas folhas, mas não... não eram! Elas vinham enroscadas no cabelo e recheadas do inseto “maria-fedida”. Era a grande dor de Josyanne. As lágrimas rolavam por seus olhos por conta da gozação dos amiguinhos que se vingavam dela, já que não foram convidados para participar de sua “aventura” no meio dos galhos... Como se eles não fossem sair dali recheados de “maria-fedida”! Hoje, morando em Jundiaí, Josyanne pouco vai a Belém. Mas ela sabe que restam poucas das casas de seu tempo de criança. O local está cheio de prédios e mangueiras seculares tomando conta das grandes avenidas. Mas cada vez que alguém fala de Belém, de Pará ou de “maria-fedida”, os olhos de Josyanne se enchem de brilho. Um brilho úmido e cheio de saudade, transformando a doçura e a inocência de uma criança em um tempo que não volta mais. Apenas na doce lembrança de quem soube criar uma aventura num monte de galhos. Mesmo que isso lhe trouxesse uma marca triste, mas havia a esperança de que, em breve, o caminhão da Prefeitura estaria ali de novo, para cortar galhos e lhe permitir ser Jane outra vez. Só pra se aventurar no universo do faz de conta! (Uma história de Josyanne Rita de Arruda Franco; Texto: Nelson Manzatto)

Nenhum comentário:

Postar um comentário