sexta-feira, 8 de novembro de 2013

As esperadas viagens de Juliana – (No meu tempo de criança (IV)

Morar em uma cidade e ter parentes em outra chega a se transformar num desejo constante de viajar. Mas quando a viagem ocorre, com certeza, uma vez por ano, a aproximação da data acaba criando uma sensação que vai da expectativa ao sonho do encontro. E Juliana não via a hora de tomar o avião e visitar avós, tios e primas. O curioso é que, morando em Salvador, Bahia, fazia, no final do ano, a viagem inversa de quem quer conhecer uma cidade turística e curtir praias e pontos curiosos: embarcava no aeroporto desta cidade e tinha como destino São Paulo e, em seguida, viajar até Jundiaí onde estavam os referidos parentes. E todo final de ano era parecido: ela e os irmãos começavam a contar os dias e as noites para chegar a data da viagem a Jundiaí. Ela se lembra que todos contavam mais as noites, pois ainda não tinham noção da duração de um dia e ficavam esperando a noite chegar para saber que já podia contar um dia a menos na nossa espera. E a conversa destas crianças, exatamente no final da década de 1970 e toda a década de 1980 era sempre assim: Falta dormir quantos dias para viajar? E era assim: toda vez que se fazia esta pergunta, a ansiedade aumentava. Afinal, ficar um ano sem ver parentes tão queridos, toda vez que o fim de ano se aproximava, a alegria do reencontro criava um clima cheio de sensações diferentes. E os irmãos faziam questão de planejar e organizar tudo com antecedência. E não eram poucos os irmãos: Fabiana, Juliana, Mariana, João Paulo e Tatiana. Claro que na década de 1970, eram apenas as duas primeiras a se empolgar com as viagens. Mariana chegou no final da década, enquanto João Paulo e Tatiana passaram a fazer parte do time nos anos de 1980. E Juliana se lembra de detalhes incríveis: ela fazia até uma lista de roupas e objetos que deveria levar na viagem. E tudo isso, claro, com antecedência, para não esquecer de nada. Para os irmãos este era o grande evento do ano: compravam roupas novas ou até contratavam uma costureira para fazer “sob medida”. Afinal, era tempo de férias, de rever avós, tios, amigos e os primos que vinham chegando e fazendo a família aumentar. Claro que Juliana tem muitas histórias pra contar destas viagens, das muitas brincadeiras, dos muitos passeios, mas a reunião em família, o abraço na chegada, a ansiedade em contar primeiro as novidades são lembranças que ela não esquece. Claro também que as viagens continuam ocorrendo apenas na memória de Juliana. Mas existe nela a certeza de que as coisas boas da vida são doces e se transformam em gosto de quero mais. Mesmo que seja em doces recordações! (Uma história de Juliana Manzatto, texto de Nelson Manzatto)

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