sexta-feira, 15 de novembro de 2013

Pura e sua família certa - No meu tempo de criança (V)

Pura, que nasceu Purificacion, nasceu em Granada, na Espanha, na metade da década de 1940. Claro que veio morar no Brasil, que constituiu aqui sua família, hoje com filhos e netos, mas relembrar de Granada, dos pais, dos irmãos... E as lembranças da infância de Pura não inúmeras, principalmente porque eram em 11 irmãos e ela, por conta do destino, era a caçula. E como caçula tem mais histórias que os outros... E como criança acredita no que ouve... incrível!!! E a pureza se confunde com o nome e a delicadeza de Purificacion mexe com sua preocupação. E é lá nos anos da década de 1950 que suas irmãs começaram a dizer que ela não era filha de seus pais e sim de uma família de ciganos que morava perto deles. Elas diziam que Pura tinha sido abandonada na porta da casa e isto a fazia chorar, chorar e chorar. Afinal, como criança, ela acreditava naquilo que as irmãs contavam. Afinal... e Pura se lembra muito bem disso, era diferente de todos: loira de olhos verdes... Nada desta história de “raspa de tacho”, de ser a mais feinha. Nada disso: Pura era uma criança linda! E o nome justificava seu jeito de ser: pura. Sempre! Um dia... um belo e triste dia... Pura decide mudar o destino de sua vida. Achando que realmente não era filha dos pais com quem vivia, arrumou as roupas numa cesta e foi embora de casa, com as irmãs mais velhas dando a maior força. Esta foi a parte triste do dia, a parte bela começa quando o pai – este que convivia com ela, que a carregava no colo, que brincava com ela – fica sabendo da partida de Pura. E lá vai ele em busca da filha sumida! A encontra oito quilômetros longe de casa. Na volta ao lar, o velho Rueda reune os filhos, dá umas boas palpadas em todos, inclusive na caçula e pronto! Ah este sangue espanhol!!! O acreditar passa por isso: por conta da busca implacável daquele senhor e das boas palmadas, como chamando a atenção de todos. Nunca mais se falou sobre isso e Pura acreditou ser filha do casal Rueda que ela amava tanto e que a deixava preocupada em imaginar que não tivesse ligação com eles. E como são belas as recordações de família: das tristezas que viram alegrias, das dúvidas que viram certezas e da pureza que vira Pura! Sempre Pura! (Uma história de Purificacion Rueda Perboni. Texto: Nelson Manzatto)

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