Tive uma primeira fase de convivência com Norberto Perboni
lá pelos anos de 1963 quando trabalhei dois meses na oficina mecânica de seu
pai. Norberto estava fazendo ou tinha acabado de concluir o curso de mecânico
no Senai e já passava parte de seu dia debaixo dos carros, procurando problemas
e resolvendo os mesmos. Não havia um dia em que não estivesse cantando debaixo
dos carros. Ou então contanto histórias ou piadas! Norberto era assim: um jovem
cheio de alegria e uma vontade de fazer o que gostava. Sempre! Naquele tempo, o
via debaixo dos carros, mas por conta de nossa diferença de idade – ele era
cinco anos mais velho que eu – passados estes dois meses, nos afastamos. Apenas
nos víamos e pouco falávamos quando nossos pais nos levavam à casa dos pais do
outro para uma visita familiar. Afinal, meu pai era irmão da mãe de Norberto.
Então, éramos primos de primeiro grau. Mas o contato maior de Norberto era com
meu irmão mais velho, Ademir, que era alguns meses mais novo e que durante um
bom tempo trabalhou na mesma oficina.
Lembro-me do casamento de Norberto, com festa no Colégio
Divino Salvador, muita gente presente e muita alegria. E a partir de então, nos
víamos bem menos. Depois que me casei e mudei para Campinas, perdemos o
contato. Mas não nos esquecemos. Quando voltei para Jundiaí, voltei a ver
Norberto nas ruas da cidade, durante minhas caminhadas, principalmente já neste
milênio, com ele já aposentado e eu passando diante do prédio onde a oficina já
não existia mais. E os papos giravam em torno, sempre, de família: lembrando de
nossos pais e falando de nossas famílias atuais. Mas a maioria das vezes
encontrava Norberto onde ele mais gostava de estar: na feira do Vianelo. Era
ali que o encontrava saboreando o pastel. Comentava dos sabores e daqueles que
mais gostava. E pastel era um dos “pratos” preferidos de Norberto.
Outro local onde encontrava Norberto era do lado de fora dos
mercados. Era comum encontrar Lúcia, sua esposa, fazendo compras,
cumprimentá-la e perguntar por ele. A resposta era simples: está lá fora me
esperando... Norberto era assim: gostava de fazer amizades. Então, enquanto sua
esposa fazia as compras, ele batia papo do lado de fora. E não tinha assunto
que ele não gostasse de conversar: mas família era o primeiro, o melhor. Gostava, principalmente de falar da Lúcia, sua
esposa, das filhas, dos netos, mas ultimamente falava de sua mãe, minha tia
Eliza, falecida há exatos dois anos.
Mas Norberto, imagino, sentiu saudades dela. Sim, porque
agora em 2015, em abril último, ele se foi. Imaginava que conseguiria passar
por uma cirurgia e voltar a viver normalmente. Mas não deu tempo. Norberto
partiu deixando uma saudade grande de seu jeito bonachão de ser. Um riso
permanente e uma vontade grande de curtir sua família.
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