quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Saboreando torrões de açúcar!

Na região da Vila Arens, exatamente em frente ao antigo prédio da Banda (Sociedade Musical e Recreativa União Brasileira), localizada na avenida dr. Cavalcanti, estava instalada, entre as décadas de 1950 e 1960, a Refinaria Santa Maria. O prédio ficava ao lado da Bebidas Ferráspari e, ao lado da Banda estava o prédio da Vinhos e Bebidas Caldas. A introdução é mais para falar da refinaria onde meu tio Antenor trabalhou até aposentar por doença na década de 1960 e, imagino, foi quando a refinaria fechou suas portas. Tio Antenor era solteirão, morava na refinaria e passava suas horas de folga jogando baralho na Banda onde fez muitos amigos. No início dos anos 60, ele almoçava em casa todo sábado e domingo até se mudar para lá na metade desta década já que a refinaria fechara o quarto onde ele passava as noites. E quando vinha em casa, trazia um pacote cheio de torrões de açúcar. Esses torrões surgiam porque este açúcar não se refinava e ficavam os pelotes ou bolotas que a empresa descartava. Jogava fora, na verdade. Mas antes deste ato final, tio Antenor recolhia no pacote e trazia para a gente. Estes pelotes eram pouco maiores que bolinhas de gude e que a gente jogava muito com os amigos que moravam na mesma rua, na Vila Progresso. Tio Antenor não tinha preferência por sobrinho. Chegava em casa com o pacote e entregava ao primeiro que encontrava ou simplesmente colocava sobre a mesa da cozinha. E todos os filhos de seu Alcindo e dona Angelina dividiam o conteúdo do pacote. Dona Angelina apenas orientava para não mastigar as bolotas, mas o gostoso mesmo era sentir o açúcar surgindo, dissolvendo o pelote e sentindo a doçura do açúcar. Naquela época o açúcar era vendido em pacotes de cinco quilos apenas. Era de papelão e costurado na ponta. Precisava puxar as pontas da linha para poder abrir o pacote de açúcar. Em Jundiaí havia apenas o Santa Maria e o União. Mas o segundo, imagino, ganhou todo o mercado e a Refinaria Santa Maria fechou as portas. Tio Antenor, com o fechamento da refinaria deixou de trazer – claro – as bolotas de açúcar para saborearmos. Trocou por balas, mas me lembro de que, já nas décadas de 1970 e de 1980 saia cedo de casa, se dirigia à Banda onde passava o dia. E hoje, ao passar pela região da Vila Arens, no início da avenida dr. Cavalcanti me lembrei dos antigos prédios que ali existiam e, confesso, senti saudade dos torrões de açúcar.

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