quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Vida!

Passa das 20 horas deste dia 3, véspera de meu aniversário, quando dou entrada no setor de emergência do hospital. O batimento cardíaco está a 151 por minuto. O primeiro eletrocardiograma constata isso! O movimento é intenso no local, com médicos e enfermeiros cuidando de pacientes que chegam... 155... Médicos se reúnem e decidem aplicar uma dose de 6 mg de Ademosina, visando o batimento retomar o compasso normal. 81... 85... 144... Frustração! Na outra maca, outro paciente, outra médica: “ergue o braço direito... mais alto... mais... ergue o esquerdo... o senhor bebeu hoje?” As respostas são ininteligíveis... 155... O calor é intenso, sinto meu corpo ferver, o barulho do equipamento que monitora meu batimento cardíaco não me deixa dormir... 144... Médicos conversam, discutem. Se a primeira dose do remédio foi às 21h15, sinto que os médicos têm pressa de resolver meu problema. São 21h35, batimento a 155, quatro médicos se aproximam de mim, enfermeira com 12mg de Ademosina. Expectativa é da solução do problema: 120, 110, 91, 85... 144... Frustração! Os médicos se afastam, imagino que uma dose nova do remédio não é aconselhável, mas não questiono os médicos. Mais pacientes, mais questionamento, mais silêncio dos pacientes. “O senhor está com dor de cabeça?... Que horas o senhor caiu”. Não consigo ouvir as respostas, o equipamento que monitora meu batimento cardíaco me impede disso... 155... “Doutora preciso ir embora antes da meia noite. Amanhã é meu aniversário”, tento induzir a equipe médica de que é importante uma solução para meu caso. Dra. Danielle sorri, troca ideias com Dra. Carol e às 22hs45 recebo uma dose de remédio na veia. “Vamos tentar reverter isso”, me diz a primeira. “Aplica a dose bem devagar, deve demorar dois minutos...” A enfermeira me diz que vai fazer melhor e conclui a medicação três minutos depois... 155... Me remexo na maca, meu corpo começa a pedir um banho, o barulho do equipamento continua dizendo que estou vivo... 132... 120... À distância as duas médicas olham para o monitor, não para mim. Tento dormir, uma ambulância estaciona do lado de fora, com a sirene ligada. Mais um paciente. “Que horas são?”, pergunto a uma enfermeira. “23h45”, diz ela e se afasta. Quero companhia! A solidão do lugar me deixa apreensivo... 98... “Conseguimos reverter”, me diz a Dra. Danielle, “vamos te mandar para casa, sua esposa deve estar preocupada lá fora!”. Respiro aliviado. O equipamento é desligado, fios ligados a meu corpo retirados. Me levanto com a ajuda de uma enfermeira e deixo a emergência! Apoiado pela minha esposa saio às ruas, os carros passam, a madrugada já vai alta. Passa das 2 horas do dia 4. Estou vivo!

Um comentário:

  1. Querido chefe Nelson, espero que vc esteja bem melhor... que susto hein?! Abraços e saúde!

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