quinta-feira, 4 de abril de 2013

Nos tempos da raspadinha

Se existem lembranças que sobrevivem ao tempo, o sabor de uma rapadinha é, com certeza, uma delas. Saída ou chegada ao Grupo Escolar Paulo Mendes Silva, na rua General Carneiro, esquina com a Fernando Arens, num prédio que hoje não existe mais, tinha sempre um sabor diferente: encontrar o vendedor de raspadinha! Outras guloseimas estavam à venda no portão da escola: pipoca – que é uma das poucas coisas que sobrevive ao tempo, mesmo não sendo na lembrança –, quebra-queixo, algodão doce, e outras já esquecidas pelos mais de 50 anos passados. Biju também era especial, era diferenciado, pois havia uma roleta sobre o tambor que continha o produto a ser consumido com números. O comprador girava a roleta e levava o número de bijus apontado ali. A maioria ganhava apenas um, mas era o preço de cada rodada, mas o número mais alto era 9. E só conheço uma pessoa que conseguiu os 9, mas ao correr feliz para casa para mostrar aos irmãos, o vento havia levado tudo pelos ares. Esta história inclusive já contei aqui, mas é um fato inesquecível! E raspadinha era o carrinho mais procurado pela garotada: o gelo raspado e colocado no copo de papel e a garotada escolhendo o sabor: abacaxi, laranja, uva e o preferido por todos: groselha. Groselha era o preferido pela cor, mas tinha meninos ou meninas que pediam ao vendedor para colocar todos os sabores, mas “fechar” com groselha. E o sabor era diferenciado: a doçura da groselha, o gelado na boca... Claro que sempre vinha orientação de casa: não tomar muito gelado para não ficar resfriado, mas a gente tentava tomar cuidado: saboreava a groselha, sentindo o gelo descendo pela garganta e lembrando a orientação da mãe: tomar um gole de água para amenizar o gelo. Mas na escola, naquele tempo, não havia recreio, não se levava lanches, e os bebedouros eram, também, com água gelada, o que significava que nada reduziria o impacto da raspadinha que a gente não saboreava uma só. Resultado: no dia seguinte, garganta raspando – talvez para ser igual à “raspadinha...” - por conta do excesso de gelo e o “castigo” de ficar dois ou três dias sem o produto. Mas se até acabar a aula a garganta estivesse melhor, a alegria seria maior porque o carrinho da raspadinha estaria lá fora. Esperando pela gente...

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