sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

PERSONAGENS Um pouco de Waldemar Gonçalves

Quando o conheci, no início da década de 1970, era chefe de gabinete do prefeito Walmor Barbosa Martins e trabalhava, também, no jornal concorrente: eu, começando como repórter no Jornal da Cidade e ele com redator-chefe no Jornal de Jundiaí. Quando ele se transferiu para o Jornal da Cidade é que vi seu jeito de trabalhar. Se na Prefeitura buscava orientar repórteres para as entrevistas, no jornal a situação era melhor: não dizia, fazia! E todos aprendiam sua maneira de agir. Ver Waldemar Gonçalves trabalhar era diferenciado. Ninguém fazia como ele: máquina de escrever, rádio de pilha ao lado da mesma, televisão ligada para “ouvir” os telejornais, pois não tinha tempo para ver, e muitas vezes – a maioria delas – com o telefone no ouvido. E fazia as quatro ações ao mesmo tempo, além de cobrar serviços, silêncio e soluções para os jornalistas. Conhecia com ninguém os políticos da cidade. Sabia o que pretendiam, orientava quem o buscava e dava dicas de ações para os repórteres quando iam entrevistar um destes homens. Fazia coluna social se o responsável não aparecesse, escrevia sobre polícia, fazia coluna política, definia a manchete, comentava sobre futebol, enfim entendia de todos os assuntos. Nesta época eu fazia a faculdade e deixava a redação por volta das 18h30, pois viajava para Campinas. Deixava a capa diagramada para ele definir os textos. No dia seguinte, me surpreendia com as mudanças que fazia. Não havia destruição de torre gêmeas que abalasse sua estrutura: se preciso fosse mudava o jornal inteiro. E num minuto! Imagino, agora, 40 anos depois, como seria seu trabalho com as ferramentas mais fáceis, como internet, celular, e a agilidade do volume de veículos e de pessoas que fazem os jornais escritos de hoje. No período em que trabalhamos juntos nunca teve dificuldade em fazer jornal. Mas tenho certeza que, com toda esta evolução só não faria o jornal sozinho porque, como ele dizia: “Precisamos um do outro. Sempre!”

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