Olga Mathion apareceu em minha vida quando comecei a
publicar minhas crônicas no Jornal de Jundiaí, no caderno Leitura de Domingo.
Sempre que um texto meu saia publicado, ela aparecia na portaria do jornal,
deixando um envelope, com um recado. E o recado era uma ou duas linhas de
textos ou apenas uma pequena frase. Certa vez, quando o texto falava sobre
“Bolinha de Gude”, o envelope continha uma, colada num folha de recados em
branco. Olga sabia que o recado estava dado.
Escritora e integrante da Academia Jundiaiense de Letras,
uma bela tarde me ligou para me convidar a fazer parte do grupo. Preocupada,
disse que não precisava fazer nada especial, a não ser preparar um currículo e
anexar obras publicadas. Ela mesma montou o processo e, dias depois, ligou para
me informar a data de minha posse.
Agora minha ‘madrinha’ da Academia, Olga não perdia uma
reunião mensal, na maioria das vezes acompanhada por sua irmã. Numa das
reuniões, me lembro que um dos acadêmicos comentou sobre uma de minhas crônicas
publicada no domingo anterior e lamentou que tal texto não poderia ser lido,
pois não tinha o mesmo em mãos. Me pareceu que a informação foi a “deixa” para
Olga. Ela levantou-se no meio da sala, abriu a bolsa e retirou a página de
jornal. “O texto está aqui, trouxe comigo”, disse ela. Seu ato mereceu aplauso dos
presentes e não vou comentar aqui a leitura feita pelo acadêmico que comentara
o texto e as opiniões sobre isso. Apenas lembro que, ao final da reunião fui ao
encontro de Olga para agradecer todas as gentilezas e o carinho que tinha para
comigo.
Seu sorriso foi sua resposta!
Numa das reuniões me presenteou com um livro onde, em
crônicas, o autor fazia referência à sua infância, numa forma parecida com meus
textos que relembravam o passado. “Faça um livro com seus textos”, me disse
ela. Foi o que fiz anos mais tarde!
Mas – e sempre surge um triste mas... - Olga Mathion partiu,
deixando um vazio enorme dentro dos escritores da cidade. Com grandes obras
publicadas, Olga passa todos os dias pela minha memória. E todo mês, na hora
das reuniões dos acadêmicos, olho junto à porta da sala de reuniões do Museu
Histórico e Cultural de Jundiaí, na primeira fileira, e vejo o lugar vazio onde
Olga costumava sentar. E os bilhetes circulam por minha mente, lembrando o
carinho e a doçura desta mulher que se imortalizou dentro do meu coração.
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