quarta-feira, 12 de agosto de 2015

PERSONAGENS (19) A “Revolução” do Padre Vitor

Conheci Padre Silva quando ainda era Vitor no final da década de 1960, na paróquia de Vila Arens, em Jundiaí, onde ele criou a Revolução Jovem, a conhecida RJ. Conheci, mas não tinha contato com ele, já que participava de outro movimento religioso e os horários das nossas missas eram diferentes. Enquanto a minha era às 7h30 a dele era duas horas depois, o que significava que a gente nem na sacristia se cruzava. Mas o via celebrando quase todo domingo. Celebrando e cantando, que era o ele gostava de fazer. E fazia muito bem, exigindo o máximo do grupo de jovens, principalmente na hora de cantar.
Baixa estatura, mas austero, rigoroso. Mas isso tudo era uma “casca”, pois a doçura de seu jeito de ser fazia com que todos esquecessem este rigor. Rigor porque queria a missa sempre bem celebrada por todos, com boas leituras e cânticos muito bem afinados pelo coral dos jovens que existe até hoje. Claro que não mais jovens porque a idade nos faz mudar da juventude para a vida adulta. Mas a força deste padre faz com que estes agora senhores continuem a se encontrar sempre.
Recordo vagamente de sua ordenação, na mesma década de 1960 quando seis ou sete diáconos mudavam de fase e se ordenavam padre. Isso no seminário Salvatoriano, em Várzea Paulista. Mas como toda congregação religiosa, Padre Vitor acabou sendo transferido, a igreja liberou o nome assumido na ordenação e ele deixou de ser Vitor para ser Padre José Silva, seu nome de batismo. Silva ficou sendo mais fácil para todos e fui reencontrá-lo na Paróquia Divino Salvador, em Campinas, já na década de 1980, quando minha profissão me fez mudar de cidade. Assumi, eu, minha esposa e mais um outro casal, um grupo de adolescente nesta paróquia e padre Silva passava muitas vezes pela sala de reuniões, pelo menos para lembrar que no final da tarde – isso no sábado – era fundamental todos participarem da missa. E o grupo o fazia com muita alegria.
O agora Padre Silva comandava tudo na paróquia: as missas, os casais, os movimentos religiosos e o coral, claro. Estava envolvido também com o coral da Unicamp. Na paróquia, sempre, ao final das missas, os frequentadores passavam pelo salão ao lado da igreja para saborear um café, comer uma bolacha ou um pedaço de bolo e conversar com este padre que não se cansava nunca. Era comum, também, ver jovens de Jundiaí que pertenceram à RJ participando das missas em Campinas. Não tinha como não conviver com este padre, apaixonado pelo que fazia.

Mudamos de bairro, de paróquia, perdemos contato com ele, ficamos sabendo de sua doença repentina e de sua partida prematura. Tenho contato com muitos participantes da Revolução Jovem. E toda reunião, todo encontro quer seja um ensaio ou uma confraternização o nome do Padre Vitor é lembrando. Sempre com muita emoção e saudade por todos!

Um comentário:

  1. Era o Padre Victor do Divino Salvador? Aquele que ensaiava as fanfarras e era "jovial", e se comunicava bem com jovens? Esse a quem me refiro, colocava nos autofalantes da escola, Abbey Road ,, durante o intervalo e na primeira semana de aula, ele saudava os alunos com Juice Newton - Angel Of The Morning. MÃÃSSS... :-) Era severo quando as coisas não seguiam as regras estabelecidas.... Ui... qtos crocks, mas não eram nos pés, eram na cabeça :-) Saudades, sim.

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