domingo, 4 de março de 2012

Crenças! Coisas de criança

Criança que é criança já teve, com certeza, íngua. Aquela inflamação na virilha e que atrapalha o movimento da perna. E não tinha jeito de fugir dela: toda vez que lá em casa alguém machucava uma das pernas e fazia um esforço enorme com ela para não brincar, no dia seguinte a virilha aparecia inflamada. E o diagnóstico era dado por dona Angelina: íngua!
E o jeito era cortar fora...
De faca na mão, dona Angelina nos levava até o barracão, no quintal, onde havia o fogão à lenha. Ela retirava cinzas, espalhava no chão para que a “vítima” colocasse o pé do lado da íngua. A cena era lenta, muitas vezes provocando risos, mas a seriedade de dona Angelina, nos impedia de rir em voz alta...
Ela segurava a faca com força, colocava a ponta, ao lado do pé e rodava ao redor do mesmo, por três vezes, e perguntando a cada uma delas: “o que eu corto” a vítima respondia “a íngua”. O diálogo prosseguia:
- De quem?
- De Nelson...
- Sou eu mesma que estou cortando...
Por três vezes, a mesma pergunta e as mesmas respostas, durante três dias seguidos. Pronto! A íngua tinha sumido...
Dona Angelina, porém, não nos permitia contar aos amigos o que fazia. Ela só queria saber porque o pé estava machucado e ela não soubera antes.
Relatado os fatos, a situação se transformava em paz e a solução era eliminar a íngua
Outra situação inesquecível dizia respeito à vista: uma bela manhã, uma inflamação na membrana do olho e o diagnóstico já aparecia: terçol. E mais três dias para se livrar da enfermidade... Neste período, assim que o sol nascesse era necessário apanhar o litro de óleo e olhar em direção ao sol, através do mesmo. Rapidamente! Pronto! A doença ia embora...
E a última situação era a que a gente mais gostava de viver: dor de cabeça! E ela surgia de uma maneira simples: um dia inteiro brincando, sem se preocupar com o sol quente, queimando a cabeça. O diagnóstico também aparecia logo: sol de cabeça provocada pelo sol. Remédio? Solana! Meio copo de água e um pano de prato. O segundo era dobrado ao meio e depois as quatro pontas se uniam ao meio, duas, três vezes, até ficar do tamanho da boca do copo. Colocado sobre a mesma, o copo era virado sobre a cabeça, exatamente no local da dor. A gente sentia a água fervendo dentro do copo. E, instantes depois, ele estava seco. A água havia se transferido para o pano de prato, totalmente quente, e a dor, como num passe de mágica, desaparecia...
Era tudo assim, coisas inocentes que a gente acreditava que ia acontecer e... aconteciam!!! Independente de terem sido realizadas pelas mãos milagrosas de uma mãe.

Um comentário:

  1. Sem contar as coisas que um simples beijo da mãe curava

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