quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Presente do Dia dos Pais

Início de semestre na escolinha de futebol de salão em Campinas, onde meu filho Tiago cresceu, era cheio de surpresas. Depois das férias de julho, na primeira aula de agosto, Valdir, o professor da escolinha Eta, informava aos alunos e aos pais presentes – e eu não perdia uma aula... – que no sábado seguinte haveria a premiação dos melhores do primeiro semestre e um jogo de confraternização entre os pais, já que a aula ocorreria na véspera do Dia dos Pais. Camiseta, shorts, meia, tênis e lá vamos eu e meu filho, com seus seis anos de idade, para mais uma aula. Sabia que seria difícil jogar, mas o importante era ver a avaliação do desempenho de meu filho no semestre anterior. Não havia esperança de vê-lo premiado, até porque ele chegou a jogar algumas vezes no gol e outras vezes como atacante. Mas poderia, imaginava eu, vê-lo como uma medalha de honra ao mérito pela dedicação e desempenho. Não sonhava vê-lo nos campos, se transformando em jogador profissional, mas o importante era o contato com a bola, as novas amizades. E Tiago sempre foi um “criador de amigos”. Mesmo com poucas palavras, os garotos gostavam de brincar ou conversar com ele. Era comum minha casa se transformar em “área de lazer” do bairro, por conta do grande número de garotos que vinham jogar botão, andar de bicicletas – e às vezes o passeio esticava até a rua -, assistir televisão ou, na época certa, construir pipas e rabiolas. O começo da premiação foi uma rotina conhecida: o agradecimento aos presentes, os parabéns aos alunos pelo desempenho e, em seguida, um pano branco libera a mesa onde estão os troféus e medalhas a serem entregues aos jogadores: melhor jogador, goleiro menos vazado, artilheiro, jogador com menor número de faltas, melhor jogador e pronto! Pelo grande número de medalhas dava para imaginar que cada garoto teria a sua, principalmente para incentivar a presença e participação. Com seus cinco anos de idade, percebia seus olhos brilhando, olhando a mesa com os prêmios. Mas... não havia prêmio de “honra ao mérito” como eu sonhava. Começada a premiação, as medalhas desapareceram rapidamente da mesa, contemplando todos os participantes e sendo chamados seus pais para entregarem as medalhas. A alegria foi geral, com todo mundo contemplado. E lá vem o prêmio de artilheiro, de goleiro menos vazado e Valdir chama Tiago para receber o troféu. Me surpreendi, pois nunca o imaginei jogando de goleiro, tanto que nunca me preocupei em contar, durante as aulas, os gols que sofrera. E, de repente, a surpresa maior: Valdir chama, a mim, para entregar o troféu de melhor aluno do semestre. E Tiago foi chamado para receber o troféu. Claro que quase o troféu caiu de minhas mãos no momento da entrega, mas o abraço de agradecimento de meu filho, imagino ter transferido para mim o prêmio. Depois disso não tinha como pais jogarem entre si, mas, por longos dez minutos, ficamos em quadra, “tentando” mostrar que sabíamos jogar. Emocionados, os garotos ficaram sentado nos bancos ao redor da quadra, gritando as mesmas frases de incentivo: “vai pai!” “chuta pai!” “faz o gol pai!”... Obedientes, os pais se desdobravam na quadra e o 0 a 0 no final, mostra o que foi o jogo. No dia seguinte, no café da manhã, acordado pela mãe, Tiago traz sue presente: uma pequena pedra pintada por ele para ser usada como peso de papel. Um abraço e a frase inesquecível: “Pai, aqueles troféus que ganhei ontem, eu divido com você!"

4 comentários:

  1. Adorei ler esse texto.Lembrei de quando meus filhos eram pequenos. As expectativas que formavam dentro de mim em tantos momentos, as alergias e minha casa tb cheia com os amigos todos reunidos sempre aqui. Um abraço e um feliz dia dos Pais.

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  2. Parabéns pelo texto. Grande abraço
    Andrade Jorge

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  3. Meu pai se chama Eugênio, se emocionou lendo. Eu sou o Geninho, vendo bolos deliciosos.

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  4. Geninho é apelido, me chamo Eugênio. Bolos gostosos!

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