sexta-feira, 19 de julho de 2013

Comendador Matinelli

Quando João Carlos iniciou suas colocações sobre seu pai, o comendador Hermenegildo Martinelli, me lembrei de fatos de minha juventude, época em que conheci este senhor. As palavras de João Carlos foram proferidas durante reunião da Academia Jundiaiense de Letras e faziam parte do “Momento Saudade” onde figura importante da cidade, já falecida, recebe homenagem. E Hermenegildo é patrono de uma das 40 cadeiras da Academia. Homenagem, absolutamente correta! E ao relatar fatos relacionados à vida de seu pai, João Carlos me fez lembrar exatamente de como era o velho Martinelli. Meu contato com ele era praticamente diário, pois eu ocupava o cargo de locutor comercial na antiga rádio Santos Dumont e Martinelli apresentava programa diário, intitulado “Sorrisos de Nossa Senhora”, que ia ao diariamente às 18 horas. Era eu, diante do microfone, que dizia: “Em Jundiaí pontualmente 18 horas! Neste instante a Rádio Santos Dumont leva ao ar o programa ‘Sorrisos de Nossa Senhora’, apresentado pelo comendador Hermenegildo Martinelli.” A técnica de som cortava para se ouvir Aguinaldo Rayol cantando “Ave Maria” e eu deixava o estúdio para, do lado de fora, acompanhar as palavras do comendador. Isso, entre os anos de 1968 e 1969. Um seleto grupo de padres católicos da cidade dividia o horário com o comendador. Algumas vezes, por conta dos trabalhos em suas paróquias, os padres faziam suas reflexões pelo telefone. Mas Martinelli sempre esteve presente nos estúdios, acompanhado de seu livro de orações. E o comendador, que percorria a cidade fazendo caridade, como visitando presos e doentes em hospitais, sempre chegava à rádio dez minutos antes do horário. Nunca houve necessidade de a técnica improvisar neste horário. Martinelli nunca faltou! Sempre de terno e usando sua gravata borboleta que o tornava inconfundível onde quer que fosse. Vereador, jamais ocupou os microfones para fazer campanha política. Sua campanha era para chamar a atenção das pessoas para a existência de um pai celeste. Não me lembro de quando o vi pela última vez. Deixei o emprego na rádio, iniciei meu trabalho em jornal mas sempre que possível, nos finais de tarde, sintonizava a rádio para ouvir a voz do comendador e recordar a introdução que fazia: “Em Jundiaí pontualmente 18 horas...!”

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