sexta-feira, 12 de julho de 2013

O sucesso das radiovelas

Nunca foi comum o rádio de casa ligado para ouvir novela. Primeiro porque, no final da década de 1950 e início da seguinte, havia apenas um aparelho de rádio em casa, funcionando a energia elétrica e com grandes válvulas instaladas no aparelho que ficava na sala. Se queimasse uma... a correria para consertar era grande, simplesmente porque não sabíamos que era televisão! Nossa sorte é que no quarteirão próximo de casa, havia uma oficina de consertos e, muitas vezes, a válvula era trocada na hora. Minha mão nunca foi muito de novelas, mas de ouvir comentar na vizinhança, às vezes se interessava por alguma. O horário nobre do rádio sempre foi no período da manhã e às 10 horas entrava no ar a novela “O direito de Nascer”, que já tinha ido ao ar na década de 1940 e voltava agora, anos depois, pouco antes do sucesso de “Redenção”. Esta segunda novela tinha como personagem principal Francisco Cuoco que iniciava carreira artística. “O direito de nascer” foi para a televisão e tinha no dr. Albertinho Limonta e na Mamãe Dolores, os personagens centrais. As rádios Nacional, Excelsior, São Paulo, Piratininga, Tupi e Aparecida eram “campeãs de audiência” na apresentação de novelas. A Nacional tinha os grandes nomes, tanto que mais tarde virou rádio Globo. Silvio Santos tinha seu programa diário, ao meio-dia e tinha em Ronald Golias seu coadjuvante. No período da tarde, as rádios São Paulo e Aparecida apresentavam suas novelas, mas muitas vezes com cunho religioso. Rádio Aparecida só era sintonizada em ondas curtas e, na maioria das vezes, o som do rádio desaparecia. O chiado era enorme e nem antena externa ajudava muito. Mas era comum ouvir comentários das amigas de minha mãe que naquele dia o almoço tinha atrasado por conta da novela. E isso acaba sendo motivo de riso. Mas as meninas falavam dos artistas que acabavam aparecendo nas revistas, principalmente na “Capricho” que tinha sua fotonovela Mas nós crianças ficávamos ligados ao que vinha à noite. Na rádio Piratininga ia ao ar o seriado “Juvêncio, o justiceiro do sertão”. Juvêncio tinha como companheiro seu cavalo “Corisco” e era assunto nas brincadeiras de “mocinho e bandido” no quintal de casa. Galopando no cabo de vassoura, a gente gritava agitando o chicote: “eia! Vamos Corisco....” E o “cavalo” galopava pelo quintal. E depois da brincadeira, silêncio dentro de casa, pois estava no ar... “Redenção”, a radionovela que mais tempo ficou no ar, e que fez sucesso na televisão no ano de 1966. Também batendo recorde no número de capítulo no ar.

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