domingo, 9 de fevereiro de 2014

Férias inesquecíveis de Fabiane (No meu tempo de criança – XVI)

Há aproximadamente 17 anos, no auge dos meus tempos de criança saudável e peralta, meus pais costumavam levar o meu irmão caçula e a minha pequena pessoa à famosa e muito procurada Praia Grande. Naquela época, costumávamos nos hospedar na Colônia de Férias dos Servidores Públicos. Íamos tanto para lá que praticamente todos os funcionários do lugar nos conheciam, portanto, meu irmão e eu tínhamos certos privilégios de ir e vir maiores do que as demais crianças. Na Colônia, na área do portão dos fundos, por onde se costumava entrar com o carro para descarregar e carregar as malas, havia uma árvore singela, porém, cheia de galhos – um tanto descobertos e pelados por sinal – onde se encontravam, acreditem se quiser, uma família de bichos-preguiça! Aqueles animais pertenciam à filha do responsável pela Colônia. Ela, se não me engano, era bióloga e em um de seus trabalhos de campo, havia encontrado um casal de preguiças machucado e debilitado, provavelmente vítimas de alguma armadilha de caçador ou qualquer outra artimanha maldosa dos seres humanos. Ela os curou, criou e quando começaram a dar cria, os levou para um ambiente mais arejado e aberto do que a casa dela. Assim sendo, em um belo dia de férias da escola, eu me deparei com uma gangue de bicho-preguiça pendurada nos galhos nus dessa tal árvore. Não preciso nem dizer que para uma criança que se fascinava facilmente com qualquer tipo de animal, aquela família era a coisa mais mágica e incrível que já havia acontecido e, todo o próprio histórico de férias escolares envolvendo animais! Mais do que depressa, pedi para a mulher me deixar carregar um dos filhotes. Como já era conhecida por todos, ela cedeu ao meu pedido. Colocaram panos em meus ombros para as garras não me machucarem e me preparam psicologicamente para o provável peso que iria sentir. Abracei o bichinho sem problemas, me encantando com a maciez do pelo e com o jeito delicado como ele se encaixava em meu colo. Sempre me disseram, desde pequenina, que eu tinha jeito para ser mãe... Não se isso é verdade, pois, por enquanto, não tive o privilégio da maternidade, mas, ainda continuo a ouvir tal comentário! Dessa forma, com todo esse provável instinto materno precocemente aflorado, o momento se tornou algo incrível e indescritível para mim, principalmente depois que o filhote adormeceu em meu colo. Aquilo foi o ápice das minhas férias! Não queria mais larga-lo! Todos os dias repetia o pedido e todos os dias, por duas horas, eu o carregava para cima e para baixo da Colônia. Repeti o procedimento todas as vezes em que fui para a Praia Grande, até que num triste dia, a dona dos bichos-preguiça resolveu leva-los até uma reserva ambiental, a fim de fazer os bichinhos se readaptarem à vida selvagem e serem, com o tempo, reinseridos no seu habitat natural. O acontecimento foi algo bem triste para uma criança de oito anos, porém me despedi consciente de que aquilo era o certo a fazer, pois, já que eu estava tão apaixonada por eles, desejava-lhes apenas o bem e o bem era devolvê-los à vida que nunca deveriam ter saído, se não fosse pelo egoísmo do ser humano. É irônico saber que uma das minhas melhores memórias de infância começou técnica e indiretamente, com uma atitude cruel do homem... Mas, continuar a sentir raiva pelo mal que haviam feito ao tirar aquelas pobres criaturinhas indefesas de suas casas... (Uma história de Fabiane Zambelli de Pontes. Texto: Fabiane Zambelli de Pontes)

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