sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Contrapeso: o primeiro trabalho de Zezé (No meu tempo de criança XII)

Nos idos de 1960, aos meus 4 anos de idade, já estava desvendando a Vila Progresso em Jundiaí. Tudo era interessante. Meus irmãos Osni e Pedro, com 7 e 5 anos respectivamente, já bem articulados, faziam amizades com a vizinhança. Lembro-me da família Manzatto, sempre gentil e preocupada com as pessoas. Da Dona Hermínia, que certa vez me ofereceu ervilhas no molho de tomate e pão (ainda aprecio esse prato, agora com vinho). Vi a pavimentação da Avenida São Paulo, com a movimentação dos tratores que dava medo. Porém, uma novidade se instalou a 100 metros da minha casa: um Parque de Diversões. Que alegria! O parque tinha o carrossel, a barquinha de puxa-puxa, onde duas pessoas ficavam frente a frente, puxando a corda com as duas mãos para a barca subir de frente e de trás. Também tinha a barraquinha de derrubar latas, carrinho de pipoca, algodão doce e a temida roda gigante. Fizemos a nossa estreia na barquinha, onde o Osni ficou de um lado, eu e o Pedro no outro. Logicamente, o Osni, já experiente, queria fortes emoções. A barca subia pra cá e pra lá, cada vez mais alto e eu apavorado. Pedia para parar e, quanto mais pedia, mais força fazia pra barca voar. Ufa! Que tortura. Acabou?!... Não!!! Fomos à roda gigante. Sentamos na cadeirinha, Osni na esquerda, eu no meio e o Pedro à direita. Estava seguro? Que nada! A roda girou, girou, girou... e parou para pegar outro passageiro. Ficamos no topo. A cadeira começou a balançar cada vez mais forte e a guarda da cadeira se abriu projetando o Pedro para fora. Por Deus ele não se precipitou ao chão. Foi um susto inesquecível. Passado os traumas e inebriado pela novidade, no dia seguinte voltei ao parque sozinho. Fiquei hipnotizado diante a roda gigante. Observava o mecanismo da roda, o trabalho do operador, tudo me agradava. Perdi a noção de tempo, fiquei absorvido. De repente, o operador me perguntou: Você quer ir? Mesmo com medo falei: Quero! Algumas crianças também queriam ir à roda gigante, porém o operador não permitia, pois elas eram muito leves para irem sozinhas, então fui contratado como contrapeso. Foram várias “viagens” assim. E, depois das minhas experiências com os meus irmãos, ser contrapeso era um prazer indescritível. No dia seguinte, minha mãe (Roberta) sentiu a minha falta: Onde está o Zezé? Ora bolas, eu estava trabalhando! O meu pai (José Toledo) já desconfiava. Eu estava na roda gigante. De lá de cima fiz um “tchauzinho” pro pai e ele respondeu com reprovação sacudindo com a cabeça de um lado pra outro. (Uma história de José Roberto Oliveira. Texto: Zezé Oliveira)

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