sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Doces recordações de Renata (No meu tempo de criança IX)

Você já imaginou quatro crianças cada um com sua bicicleta pedalando para cima e para baixo até que o desejo de aventura fala mais alto? Mas dá para imaginar uma aventura com todas estas crianças numa só bicicleta? E lá vão os quatro: Renata, Mingo (apelido de Domingos, nome herdado de seu avô paterno), e os primos Ernandinho e Piquena (escrito e falado deste jeito mesmo, com i, pois ninguém a chamava de Rosa Maria). Moradores da Chácara das Flores, o quarteto fantástico escolhe uma rua de terra, cheia de irregularidades e sai pedalando: Ernandinho no banco principal, Mingo sentado no guidão, Renata e Piquena na garupa. Renata lembra de detalhes interessantes: Ela e Piquena não tinham mais que 9 anos, Mingo 10 e Ernandinho 11. Juízo, garante Renata, ninguém tinha, pois o tombo ocorreu nem cinco metros após a “largada” e todos, literalmente, se esborracharam no chão. O levantar foi rápido, alguns arranhões pelo corpo, para engrossar a coleção, mas... Ah este mas... É que o pequeno Mingo ficou no chão, chorando. Exatamente como criança!!! E criança ri, brinca, se diverte, tira sarro e aí reina um silêncio preocupante: Mingo continua no chão. Um grito de socorro ecoa na Chácara das Flores. O resultado é inesquecível: Mingo foi levado ao hospital, com uma clavícula quebrada. E pela segunda vez! Mingo tinha este privilégio: ele foi o único a quebrar as duas clavículas e repetir uma delas, em três ocasiões diferentes. Aliás, ele conhecia o antigo Hospital e Maternidade, na Avenida Jundiaí, como a palma da mão. Já em casa, Mingo participa da diversão: ver a família assinar e desenhar no gesso e sentar para comentar a aventura e até já planejar a próxima “loucura” a ser praticada. Afinal, criança saudável era isso: sem parada! E isso deixa na memória de Renata uma lembrança doce de sua infância. E essas lembranças vieram ainda mais à tona quando teve que acompanhar Mingo, por várias vezes, em seu tratamento de leucemia no Hospital Pitangueiras. Isto ocorreu há 14 anos e, para Renata, parece que foi ontem. Neste período tínhamos a necessidade de recordar da infância, dos bons momentos. Foram quatro meses de tratamento que pareceram uma eternidade. Depois Mingo se foi, foi em busca de seu descanso e deixou para ela a oportunidade de poder relembrar passagens doces de suas infâncias e que marcaram profundamente em suas vidas. A lembrança de doces momentos vividos juntos, a certeza de uma vida bem vivida e a dor da separação se misturam na mente de Renata, mas ela jamais deixa de agradecer a Deus pela infância vivida ao lado de um irmão maravilhoso! (Uma história de Renata Taffarello. Texto: Nelson Manzatto)

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